Tuesday, December 7, 2010

Macross Plus

Aviso: Spoilers ahead!

Antes de começar a falar de Macross Plus, vou contar como eu conheci esse anime.

Lá por volta dos meus 8, 9 anos existia uma revistinha chamada Herói, que vez ou outra, tinha matérias sobre vários desenhos e seriados japoneses. Eu a comprava para ler sobre os Cavaleiros do Zodíaco, que era febre aqui no Brasil na época. A revista vivia de CdZ mas não era só deles que ela falava.

Logo, comecei a ler todas as matérias e prestar atenção em outros desenhos também. O Macross foi um deles. Na época, a internet e a tv cabo não haviam chegado ainda - pelo menos para mim - e o único acesso a esses produtos era pela revistinha.

Acabei descobrindo, sem querer, um desenho chamado Guerra das Galáxias que passava esporadicamente em algum canal obscuro da tv aberta - devia ser na CNT ou Gazeta, algum desses. Provavelmente eu sabia, por intermédio da Herói, que o Guerra das Galáxias era o Macross original (ou ainda Robotech, na versão americanizada), porque eu lembro até hoje a primeira vez que assisti o Guerra e ter ficado bastante contente. Eu estava finalmente assistindo um desenho que havia lido a respeito na revista.

Pulando anos depois, eu ainda não assisti o Macross original, a série, apesar de ter assistido o filme - Macross: Do You Remember Love? - que compacta os acontecimentos dos 36 episódios em pouco menos de 2 horas.

Mas eu finalmente assisti o que eu mais queria, e tema dessa resenha - Macross Plus.

Viabilizado como um OVA - Original Video Animation, formato popular no Japão - de 4 episódios de cerca de 40 minutos cada, Macross Plus herda de seu antecessor os elementos que fizeram a franquia bastante popular em seu país de origem e nos EUA: personagens carismáticos, cenas de ação bem movimentadas protagonizadas por caças de guerra, músicas pop melosas o suficiente para parar uma guerra e, acima de tudo, um triângulo amoroso, esse último talvez o que tornou a série uma das mais famosas de todos os tempos.

MP foi dirigido por Shoji Kawamori (basicamente o criador da saga Macross) e por Shinichiro Watanabe (diretor de, entre outras séries, Cowboy Bebop) e escrito por Keiko Nobumoto - outro envolvido em Cowboy Bebop, responsável pelos roteiros da série.

MP se passa no ano 2040 no planeta Eden, até onde sei, alguns anos depois da primeira série. Portanto, se você não assistiu o original, não se preocupe, não é obrigatório assisti-lo para aproveitar totalmente esses 4 OVAs. Existem alguns easter eggs espalhados aqui e ali, e eu só consegui pegar um (na forma de música) mas não é nada que interfere na experiência.

O planeta Eden é uma colônia da humanidade e poucas informações são dadas a seu respeito, como sua localização e como os humanos foram parar lá. Acho que pouco importa, alguns elementos sendo reconhecíveis logo de cara, como "wind farms" para produção de energia e a Eden City, muito parecida com a nossa São Francisco, com direito a mar e uma ponte similar a Golden Gate.

Mas tudo isso são detalhes.

O que realmente importa são os personagens principais: o humano e cabeça quente Isamu e o meio humano, meio Zentradi chamado Guld. Os dois são pilotos militares de testes com um passado em comum, esse passado tomando forma na figura da personagem que é o elemento-chave da história e a ponta do triângulo amoroso, Myung.

Os três não se vêem a anos e logo se reúnem e a história começa nesse ponto.

O motivo real da separação dos três no passado é apenas contado em rápidos flashbacks, e talvez seja nesse ponto a obrigatoriedade em pelo menos ter conhecimento prévio da série Macross e da raça alienígena Zentradi. Eu tive que ir procurar na internet a respeito para entender melhor esse caso, mas nada que interfira no divertimento, mas ajuda em saber.

Ainda falando nos personagens, pelo menos para mim, demorou um pouco para me simpatizar e até me acostumar com os dois principais. O motivo não sei. Talvez porque não há motivos para realmente simpatizar ou até torcer: é questão de se acostumar mesmo, seja com a chatice de uns ou as choradeiras de outros. No final das contas, você acaba se deixando levar for the ride.

A razão de Macross Plus estar sendo resenhado aqui é que apesar dessa série ser basicamente de mecha e de ficção-científica militar, ela possui suficientes elementos cyberpunk para merecer figurar aqui.

Existem algumas alusões a outros filmes CP do passado, como Blade Runner, através de efeitos sonoros (preste atenção aos 7 minutos e 47 segundos do primeiro episódio) mas o principal elemento do filme e peça chave da história e que realmente faz dessa série merecedora de ser encaixada no gênero cyberpunk é a personagem Sharon Apple.

Sharon Apple, uma inteligência artificial que vira ídolo da música. Soa familiar? Talvez porque esse ano, Hatsune Miku gerou um forte burburinho mundo afora, apesar de já existir a alguns anos. Bem, esse conceito não é novo, e a personagem-holograma Sharon Apple prova isso. As semelhanças são incríveis, principalmente na maneira de como essas duas levam multidões para seus shows. O que difere as duas já cai para o quesito ficção e fator predominante no gênero CP: a revolta das máquinas, a rebelião da inteligênicia artificial para com o seus criadores. Enquanto a idoru Hatsune Miku não representa perigo, Sharon Apple, através de seu avatar humano (outro elemento que não vou contar aqui), se rebela e decide dar ao personagem principal o que ele têm procurado desde sempre. Inteligências Artificiais que se rebelam tem um monte por aí, agora uma I.A. que decide prover algo a alguém, como um sentimento ou emoção, foi um elemento novo para mim. É aqui que Macross Plus tem êxito. Não são nas cenas de ação, batalhas, perseguições de caças, que para falar a verdade são poucos (mas muito bem feitos); o verdadeiro triunfo é no drama humano. E porque não no drama artificial também?

Outro elemento que vale a pena em Macross Plus é a trilha sonora. A compositora e multi-instrumentista Yoko Kanno, que trabalharia com Watanabe novavemente em Cowboy Bebop é a responsável pela trilha de Macross Plus. Para quem conhece CB, reconhecerá de imediato o estilo inconfundível da genial compositora.

Uma música que me chamou bastante atenção é a Idol Talk, que aparece por poucos segundos em MP mas pode ser conferida aqui in all its sexy glory:





Algumas cenas




De Volta Para o Futuro says hi



Bem-vindo a 1994. Ou seria 2010?




Sharon Apple



Suspeite de todo computador que tiver apenas um olho vermelho:



Como esse


Man-machine interface



Sharon Apple In Concert





Sexy


SEXY


Quero uma jaqueta dessa:


The plot thickens


SDF Macross


Mais um show




MP humilhando Independence Day e 3001


Mindfuck

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