Technotise - Edit i ja

Animação produzida na Sérvia em 2009, Technotise é uma bela surpresa. Baseado na HQ de mesmo nome, o flme foi dirigido por seu criador e produzido com um orçamento digno de trabalhos independentes, estimado em cerca de US$900,000.

A história se passa na cidade de Belgrado no ano de 2074, e segue a estudante de psicologia Edit, que após ser reprovada em uma avaliação de faculdade decide implantar um chip em seu corpo. Não demora muito e ela logo começa a sentir que algo está errado consigo mesma. É claro que o implante não é um chip comum e Edit se vê sendo perseguida por autoridades.

Technotise é um filme curioso. Com uma animação excelente, misturando 2D com 3D, vetores e com influências de animés, o filme merece figurar entre os big boys japoneses, como Appleseed e Ghost in the Shell, não apenas pelos surpreendentes production values, mas exatamente pela história que conta.
Com um elenco totalmente europeu, temos personagens carismáticos e o grande destaque é a personagem título, Edit.
Na melhor tradição das personagens femininas fortes, Edit não faz feio para com as suas irmãs mais velhas do universo de ficção, como Ripley dos filmes da saga Alien e outras do universo da animação, como Motoko e Deunan. Edit é independente, inteligente, forte e determinada, na melhor tradição das razor girls da estirpe de Molly Millions.
Não poderia haver uma melhor protagonista para Technotise, e seguimos Edit em suas aventuras para descobrir o que está acontecendo consigo mesmo.

Mais do que um filme cyberpunk, Technotise se encaixa perfeitamente no gênero biopunk, que é um sub-gênero da ficção científica que lida com a biotecnologia. Technotise acaba se tornando um belo exemplar do gênero, até porque o filme explora excelentemente as consequências do uso do tal do biochip, como se pode ver na foto acima.

Através da busca de uma fórmula matemática, Technotise toca em temas científicos, tecnológicos e até espirituais, principalmente na segunda metade do filme, chegando até ao abstrato, com resultados acima da média.

Um dos aspectos mais interessantes aqui é o "algorithm absurd", que servindo ao filme, denota algo como uma crise existencial dos computadores. É claro que a protagonista pode ter (ou ser) a chave para resolver "esse problema", e o filme segue em desdobramentos no mínimo interessantes.

Com a notícia de que há uma adaptação hollywoodiana em produção, essa é a melhor hora descobrir essa excelente animaçao.

Dirigido por Aleksa Gajić, também criador da HQ, Technotise é obrigatório!