Cyberpunk Indiano? Pode apostar! De início não deixa de ser motivo de risada, até porque a montagem que colocaram no YouTube está fazendo sucesso, mesmo que seja involuntariamente engraçado, e como resultado, fiquei curioso acerca do filme e resolvi assistí-lo.
Primeiro cyberpunk e primeira ficção-científica produzido na Índia, Enthiran merece ser conferido.
O vídeo, que é uma montagem das partes finais, é só uma pequena amostra das quase 3 horas de duração. Isso mesmo, 3 horas!
Na verdade, são 2 horas e 56 minutos, e apesar do ritmo ser bom, em alguns momentos, depois de tantos acontecimentos e mudanças de cenas, o filme fica um pouco cansativo e lá pela 1 hora e 15 mais ou menos, temos um letreiro de "Intermission". Com certeza nos cinemas houve o merecido intervalo para descanso.
É interessante pensar que se Enthiran for lançado no mercado norte-americano, por exemplo, para ocupar o time slot de 2 horas tão temido pelos donos de cinema, com certeza será editado ao ponto de se tornar completamente outro filme. Portanto, o flme como é é obrigatório para fãs do gênero cyberpunk e da ficção científica.
Enquanto não é todo original, o grande destaque de Enthiran é ser uma produção da Índia, ou seja, todas as convenções dos filmes Indianos estão presentes e a que talvez seja a mais conhecida delas, os números de danças, marcam presença, entermeadas ao longo do filme.
Produzido com o orçamento de 38 milhões de dólares, um record para a indústria de cinema Indiana, Enthiran não tem apenas o maior orçamento, mas tem a distinção de ser o filme Indiano de maior bilheteria mundial, além de ser o primeiro filme de ficção-científica produzido na Índia.
É realmente um marco.
A história gira em torno de um cientista, interpretado pelo ator Rajinikanth, que desenvolve um robô, também interpretado por Rajinikanth, com alto nível de inteligência artificial e perde o controle de sua criação.
Com 178 créditos como ator e uma carreira de quase 40 anos, Rajinikanth é a estrela do filme, e ele esbanja carisma e presença tanto no papel do cientista bem-intencionado quanto no papel do andróide.
O outro grande destaque do elenco é o interesse amoroso do cientista e surpresa!, do robõ, a atriz Aishwarya Rai, ex-Miss Mundo 1994 e dona de exuberantes olhos azuis-verdes. Com 45 créditos de atriz em seu currículo, Aishwarya não faz feio e cumpre bem o papel da donzela em perigo, Sana, com todo o seu charme e sensualidade, sem o mínimo de vulgaridade.
Em 2 horas e 56 minutos, o diretor e co-roteirista, S. Shankar, constrói um longa-metragem no mínimo ambicioso.
Com tanto tempo para desenvolver a história, a produção não faz feio.
Na verdade, Enthiran não poderia ser considerado apenas um filme de ficção-científica, não quando temos tantas situações diferentes envolvendo o cientista e o robô, ou até mesmo o robô e Sana: uma mistura de ficção com fantasia, toques de comédia e até mesmo romance, porque invarialmente o robô, dado o nome de Chitti, desenvolverá sentimentos e cairá pela mocinha.
Até isso acontecer, várias situações se desenrolam, desde a criação do ser até seu nascimento e as interações dele com o seu criador e outros humanos. Tudo é conduzido através de cortes rápidos e como não poderia deixar de ser, entrecortado pelos grandiosos números musicais de praxe da cultura Indiana. Os números musicais são bem produzidos e enquanto não adicionam muito à história, também não diminuem, muito pelo contrário: acredito que ajudam a manter a identidade do filme às suas raízes.
Enquanto assistia o filme, me peguei pensando em outro filme recente e também produzido fora dos padrões hollywoodianos, Distrito 9, que com um orçamento similar, deu o que falar. Enthiran parece estar seguindo o mesmo caminho, com o vídeo no YouTube bombando e fazendo as pessoas se interessarem pelo filme.
Elementos cyberpunks
Inteligência Artificial desenvolvida é o grande tema aqui, e o nível alcançado por Chitti supera o ser humano, e logo sentimentos como o amor começam a surgir. O problema, como em outros grandes trabalhos da ficção, é quando a criação foge ao controle de seu criador e as consequências formam o fio narrativo da segunda porção do filme.
É aqui então que podemos ver influências de outros trabalhos de ficção, como Frankenstein, Exterminador do Futuro e até mesmo Matrix. É notável a semelhança entre Chitti, quando este se torna o vilão, e o Agente Smith e o divertimento que os atores sentem em interpretar tais personagens. IAs fora de controle, ambos personagens se sentem superiores à raça humana e decidem se rebelar (em Enthiren não é bem uma decisão, mas não falo mais nada para não entregar spoilers) e essa semelhança fica muito mais evidente na parte final. É impossível também não comparar as cenas de perseguição de Chitti com a cena de perseguição na rodovia que acontece em Matrix Reloaded: enquanto em Matrix é Trinity a perseguida, em Enthiran é Chitti quem protagoniza as cenas mais mirabolantes e absurdas do cinema de todos os tempos, seja ele Indiano, Americano ou de qualquer outro país. Os papéis aqui se invertem, pois é o robô que está sendo perseguido, e não um ser humano; com todas as suas habilidades, Chitti não apenas foge como revida os ataques sofridos, tomando forma de esfera, cobra e até um robô gigante quando se junta com o seu exército de cópias. É aqui que o drama construído durante a primeira hora de filme perde um pouco a força e os efeitos especiais tomam conta, servindo à imaginação do diretor. Alguns momentos acabam se tornando involuntariamente engraçados com o tamanho absurdo das cenas, mas nada que prejudique o filme - marketizar o filme através dessas cenas é uma possibilidade clara, já que o vídeo no YouTube está atraindo tantos visitantes.
Os efeitos especiais servem bem ao filme, e com um orçamento baixo, se comparado aos padrões das grandes produções de Holywood, faz frente aos filmes norte-americanos. Os efeitos práticos talvez sejam o destaque aqui, sendo desenvolvidos pelo renomado Stan Winston Studios, que trabalhou em diversas produções, A.I. sendo umas delas. Os efeitos de maquiagem são notáveis, rivalizando os efeitos encontrados no filme de Spielberg, outra produção de temática parecida. Os modelos em animatronic que aparecem em Enthiran são críveis o suficiente para receber o reconhecimento de várias instituições.
Enquanto o filme não é o mais profundo filosoficamente, possui algumas boas idéias e as executa de maneira que traz um muito bem-vindo frescor ao gênero, e isso se deve exclusivamente ao fato dele ser uma produção inteiramente Indiana. Ponto para eles.
Conclusão
Em suma, assista ao filme e não se arrependa, se surpreenda com a duração, com o esforço de dois anos de produção para realizar o filme, seja com as cenas de ação, seja com o elenco ou com o mais importante, a história!
Recomendado!
Monday, January 31, 2011
Enthiran - Cyberpunk Indiano
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Reconhecimento de Padrões
Cayce Pollard é uma cool hunter contratada para encontrar o(a) responsável em disseminar trechos de filmes pela Internet.
O livro então segue a busca de Cayce, passando por Londres, Tókio, Rússia, através de apenas uma narrativa, e não várias entrelaçadas como em Count Zero e Mona Lisa Overdriv, e isso é um plus e não faz o leitor voltar páginas para relembrar algo que é mencionado muito depois.
E o que se segue é a maestria de Gibson em definir seus personagens e principalmente a ambientação, um dos elementos principais em Reconhecimento. Você praticamente se sente como se estivesse realmente em Londres ou Tókio.
Gibson com certeza evoluiu em sua prosa, e muitos dizem que a sua escrita é distrativa, mas é uma questão de se acostumar e acima de tudo, é uma maneira eficiente de colocar os leitores na ambientação da história e fazer sentir os humores e estado de espírito dos personagens.
Se você está procurando algo como Neuromancer ou outros das histórias cyberpunk de Gibson, esqueça.
Reconhecimento de Padrões se passa no mundo atual, a primeira vez que isso acontece em suas histórias, e no mundo moderno, familiar demais, é aonde Gibson brilha.
E mais uma vez o escritor prevê o futuro. Reconhecimento foi publicado em 2003 e em 2006 tivemos o fenômeno "lonelygirl15"; o jeito que os personagens no livro discutem e analisam à exaustão os vários pedaços de filme e como nós participamos em redes sociais ou em fóruns está tudo muito bem destilado.
Você pode até sentir o jetlag de CayceP. Eu senti.
Capas do livro ao redor do mundo
O livro então segue a busca de Cayce, passando por Londres, Tókio, Rússia, através de apenas uma narrativa, e não várias entrelaçadas como em Count Zero e Mona Lisa Overdriv, e isso é um plus e não faz o leitor voltar páginas para relembrar algo que é mencionado muito depois.
E o que se segue é a maestria de Gibson em definir seus personagens e principalmente a ambientação, um dos elementos principais em Reconhecimento. Você praticamente se sente como se estivesse realmente em Londres ou Tókio.
Gibson com certeza evoluiu em sua prosa, e muitos dizem que a sua escrita é distrativa, mas é uma questão de se acostumar e acima de tudo, é uma maneira eficiente de colocar os leitores na ambientação da história e fazer sentir os humores e estado de espírito dos personagens.
Se você está procurando algo como Neuromancer ou outros das histórias cyberpunk de Gibson, esqueça.
Reconhecimento de Padrões se passa no mundo atual, a primeira vez que isso acontece em suas histórias, e no mundo moderno, familiar demais, é aonde Gibson brilha.
E mais uma vez o escritor prevê o futuro. Reconhecimento foi publicado em 2003 e em 2006 tivemos o fenômeno "lonelygirl15"; o jeito que os personagens no livro discutem e analisam à exaustão os vários pedaços de filme e como nós participamos em redes sociais ou em fóruns está tudo muito bem destilado.
Você pode até sentir o jetlag de CayceP. Eu senti.
Capas do livro ao redor do mundo
Como Gibson descreveu sua cool hunter em Reconhecimento, fica aqui uma foto aproximada da descrição:
Jane Birkin |
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Saturday, January 29, 2011
A Situação no Egito - Parte II
Sexta-feira dia 28/01 acompanhei por algumas horas da tarde a situação no Egito pela transmissão ao-vivo da Al-Jazeera.
Tirei algumas screenshots, e mesmo com essa qualidade que achei que ia ser um pouco melhor, se você acompanhou as notícias, dá pra ter uma noção de como é ver tudo ao vivo.
Tirei algumas screenshots, e mesmo com essa qualidade que achei que ia ser um pouco melhor, se você acompanhou as notícias, dá pra ter uma noção de como é ver tudo ao vivo.
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