Monday, January 24, 2011

Armitage III

Depois de praticamente assistir a uma maratona auto-imposta de Dominion, com resultados medianos e fraquíssimos, resolvi assistir outro animé que fazia tempo que eu queria ver.



Armitage III foi lançado em 1994, mesmo ano de Macross Plus, outro animé cyberpunk, e consiste em 4 episódios, o primeiro de 50 minutos de duração e os três restantes de 30 minutos cada.

Escrito por Chiaki J. Konaka, que alguns anos depois escreveria outra obra-prima, Serial Experiments Lain (em breve a ser resenhada), Armitage III é um animé que, assim como outros trabalhos dentro do cyberpunk, venceu o teste do tempo e consegue se manter atual ainda hoje.

A história se passa no planeta Marte, colonizado pelos humanos e a descoberta da criação de um modelo de andróides batizado de "Third Type" e o eminente conflito da raça humana para com os robôs.
Note aqui que eu falei "conflito da" e não "conflito entre", ou seja, um dos temas fundamentais de Armitage III é a intolerância e o preconceito que os humanos começam a sentir após a descoberta desses novos modelos, que imitam perfeitamente um ser humano, e os resultados dessa "desconfiança". 





A história é guiada por dois personagens principais, dois detetives da polícia, Ross Syllibus e a personagem título, Naomi Armitage, e a investigação que lideram em torno de um assassinato e vários atentados terroristas relacionados aos andróides.


Indeed
Com temas como intolerância e racismo, Armitage III me surpreendeu. Eu esperava um animé mais descompromissado, talvez pelo fato de ter acabado de assistir Dominion, mas o resultado final é realmente acima da média.


E é claro que o animé possui cenas de ação também, apenas para não ficar na parte investigativa, e cada episódio termina com uma deixa para o próximo, aumentando cada vez mais o suspense e o mistério por trás de todos os acontecimentos. Como outros OVAs, as cenas de ação não poupam a violência explícita e gráfica, então não se surpreenda com tiros à queima-roupa sendo exibidos sem o menor pudor aqui.


Além da história, que é desenvolvida em um bom ritmo e mais importante, de forma madura, os personagens são bem aproveitados e são muito bem desenvolvidos, com motivações plausíveis dentro do mundo criado por Chiaki J Konaka. Talvez o maior mérito de qualquer roteiro é fazer com que a audiência se simpatize com os personagens, e em Armitage III acontece exatamente isso.
A química entre os dois principais é excelente, um o oposto do outro que ao longo dos episódios se desenvolve de forma natural, com consequências interessantes e talvez com um resultado que eu nunca vi em nenhum outro trabalho que lide com o mesmo tema.


Armitage III veio como uma ótima surpresa e em alguns momentos me lembrou de uma das três jóias do cyberpunk, Blade Runner. Com temas similares, o animé não supera o filme de 1982, mas consegue chegar no mesmo nível. E isso é um grande feito.


Uma sequência, Armitage: Dual-Matrix, foi lançada em 2002 e pretendo resenhá-la em breve.

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